Oh, meu rico Santo Antoninho!
Que enches Lisboa de carinho.
Que tristonho que deves estar,
por não ver ninguém a festejar!
Já que este ano não podemos andar a saltitar nos arraiais em sua honra, passeamos pelas portas da cidade de Lisboa. Que portas lindas tem Lisboa! Nós, marceneiros, apaixonados por madeiras e moldados, ao passear pelas ruas da capital não podemos deixar de reparar em cada uma que passamos. Fazem parte do património arquitectónico e cultural da cidade e muita vida por elas passa. Parece que contam histórias daquilo que ouvem e vêem acontecer. Ou já seremos nós a imaginar?
A porta é o sorriso do prédio. E se Lisboa tem fachadas lindas, as portas trabalhadas, na zona histórica da cidade, são incríveis, de tantos pormenores, feitios e cores diferentes.
Hoje podemos dizer que uma das portas da cidade, foi feita na Marcenaria Artística Pereira.
Nesta história, a protagonista coitada, não tinha grande graça. Era uma porta simples, sem acrescento estético ao prédio.
Uma porta muito antiga e com muitos problemas de empenos e em avançado estado de apodrecimento, e que tampouco cumpria o seu propósito, nem em funcionalidade, nem em segurança.
Os vizinhos, moradores do prédio, juntaram-se então para criar uma porta nova.
Faltava-lhe um puxador, uma caixa do correio, e faltava sobretudo, um "je ne sais quoi" de estilo alfacinha, porque Lisboa mesmo que não seja francesa, é com certeza, como diz o faduncho: "namorada delicada, vaidosa e orgulhosa de assim ser."
A porta tem um tamanho sui generis. Por ser mais alta e mais estreita que o normal, e com um arco estrutural bastante exigente, precisava mesmo de mãos de marceneiro.
Foi construída em madeira de pinho riga e feita com respigas e talões para travar o movimento da porta. Todas elas são fora a fora, ou seja, atravessam por completo as couceiras (as peças verticais das portas).
Respiga é um termo técnico da marcenaria que significa a ligação entre duas peças de madeira, através de uma espécie de lingueta ou espiga, criada no topo de uma peça de madeira para penetrar numa caixa, criada noutra peça.
Em cada uma, há palmetas coladas, que fazem com que a respiga fique com forma de malhete e impedem que as juntas abram com a retracção. Talvez os termos técnicos baralhem, mas, para segundo o Mestre Tiago, tudo isto é a receita básica para construir uma porta.
No final, a cor escolhida foi o verde garrafa, bastante clássico. Usamos tinta de esmalte brilhante.
E, como sempre, tinha de haver uma peripécia. Desta vez, além do arco da porta que estava bastante torto e exigiu umas boas horas de ajustes, ainda na oficina o furador avariou e tivemos (neste caso, teve o Mestre Jacinto) de abrir as furas de 15 cm para as respigas todas à mão!
No final de contas, acho que podemos embandeirar em arco e festejar este projecto, tão típico e alfacinha! O que acham?
Nós estamos contentes. A porta ficou pronta a tempo, e os condóminos satisfeitos.
E no final recebermos comentários como este, é a nossa razão maior para celebrar:
"Só vos posso recomendar, ficou exactamente como eu queria.
Simpatia, qualidade, profissionalismo e preço justo.
Muito obrigada por terem tornado o meu prédio muito mais bonito!"
Se gostaram deste projecto, partilhem pelos amigos! E se tiverem dúvidas ou sugestões, partilhem connosco. Adoramos receber feedback de clientes, de colegas e de curiosos, amantes da madeira.
Se têm ou conhecem quem tenha uma porta a precisar de um milagre, não é preciso rezar a Santo António! Enviem e-mail e peçam orçamento. Estamos sempre disponíveis através do geral@marcenaria-artistica.pt.
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